Verdadeira PAIXÃO



Quando ouviu do padre a pergunta que costuma dar um friozinho na barriga de toda noiva, Laudelina Isabela quase fraquejou. De seus lábios enrugados, finalmente saiu a resposta que todos na igreja aguardavam: “Aceito”. Dona Nhanhá não é uma noiva comum. Ela tem 91 anos, filhos, netos, bisnetos e até um trineto. O noivo, José Pedro Henrique Paiva, tem 84 anos. Ele foi levado ao altar pela mãe, dona Sá Vita, de 104 anos. “Entro com o Zé Pedro na igreja mesmo que seja carregada”, dizia a mãe centenária. O casamento, no dia 25 de setembro, parou a pequena Senhora de Oliveira, município mineiro de apenas 6 mil habitantes, a 180 quilômetros de Belo Horizonte.
A inesperada idade dos noivos não é o único detalhe a chamar a atenção na história do casal. Além de trocar alianças numa fase da vida em que pouca gente faz planos para o futuro, os noivos são primos. Eles se conhecem desde a infância. Cresceram juntos, mas cada um tomou seu rumo. Laudelina foi morar na capital mineira com o primeiro marido. Ficou viúva em 1999. Zé Pedro continuou na cidadezinha e, no ano passado, depois de mais de 60 anos de casado, também ficou viúvo. Os dois afirmam que a solidão pesou no momento de aceitar construir uma vida nova. Mas a paixão também teve seu papel no enlace: “O que manda é o amor! Gosto demais do Zé”, diz a noiva.
Desde que perdeu o marido, Nhanhá passou a frequentar mais a casa de dona Sá Vita, sua tia e agora sogra. Ela saía de Belo Horizonte e ficava pelo menos 15 dias do mês em Senhora de Oliveira. No começo de julho, seu Zé Pedro tomou uma decisão. “Vou até BH buscar a Nhanhá para mim”, disse à mãe. Dona Sá Vita não aceitou que os dois apenas morassem juntos. Tinham de se casar. A irmã de seu Zé Pedro serviu de cupido. Benedita de Paiva, de 62 anos, comunicou a Nhanhá o interesse do rapaz. “Ninguém vai me levar. Eu não sou mercadoria. Casar, eu posso até pensar”, teria dito à futura cunhada. Ele não pestanejou. Disse que aceitava casar e ainda aceitou as condições da pretendente, que não consegue mais cozinhar para muitas pessoas nem limpar a casa. “Não tem o menor problema”, afirmou Zé Pedro. “A Mariazinha também não estava dando conta de quase nada”, disse, referindo-se à falecida.
O namoro começou. De início, só beijo no rosto e andar de mãos dadas. Quando ela voltava para Belo Horizonte, depois de um tempo por lá, seu Zé não conseguia esconder o sofrimento. “Não vou aguentar de saudade da Nhanhá”, dizia à mãe. Segundo a irmã de Zé Pedro, eles pareciam um casalzinho de adolescentes. Dois meses depois, estavam no altar. Da outra vez em que se casou, Zé Pedro também esperou pouco. Só três meses. “Não perco tempo”, diz o noivo. Dona Nhanhá não acha que foi “fácil” demais aceitando se casar tão rapidamente. “Com 91 anos, eu vou esperar o quê?”

VIA

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